O gerente de produtos de aviação da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, Pedro Caldas Pereira, afirmou nesta terça-feira que “fica muito complicado” para a BR atender ao pedido da Varig, de ampliar para 60 dias o prazo para o pagamento do fornecimento de combustível de aviação.

“A menos que hajam garantias, por parte da Varig, que possam lastrear esse prazo”, disse Pereira, na audiência pública sobre a situação da Varig, promovida por quatro comissões permanentes do Senado Federal.

Atualmente, a companhia aérea paga à vista ou antecipadamente o combustível que adquire junto à BR. Segundo o executivo, até o ano passado, a distribuidora concedia prazo de dez, mas, explicou, isso só acontecia porque a Varig se comprometia com garantias financeiras de recebíveis da venda de suas passagens.

Pereira disse que no ano passado a BR Distribuidora teve um lucro de R$650 milhões. Ele calculou que o prazo de 60 dias para pagamento, solicitado pela Varig, implica na postergação de pagamentos equivalentes a R$160 milhões, ou 24% do seu lucro no ano passado. “Esse é um grau de exposição ao risco financeiro muito grande para a companhia (BR) aceitar, sem que seja lastreado em algum tipo de garantia”, disse.

O diretor da consultoria Alvarez & Marsal, Marcelo Gomes, responsável pelo projeto de recuperação emergencial da Varig, informou que a companhia aérea faturou US$220 milhões em março. Segundo ele, a companhia mantém os ganhos e tem como dar garantias à BR Distribuidora para conseguir o prazo de 60 dias para o pagamento do fornecimento de combustível.

“Dá para fazer um novo contrato com a BR, com garantias”, disse Gomes, na audiência pública promovida por quatro comissões permanentes do Senado, para discutir a situação da Varig. O executivo argumentou que a Varig representa, atualmente, cerca de 5% do faturamento da BR Distribuidora e que é o maior cliente de querosene de aviação da estatal.

“Perder um cliente como esse não é irrelevante para a BR”, disse, acrescentando que segundo seus cálculos a Varig proporciona um lucro anual de R$20 milhões para a BR. “Existe uma maneira do governo ajudar, que seria por meio da BR dar crédito à Varig”, afirmou.

FONTE: Estadão – Leonardo Goy – São Paulo/SP

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