Depois de ter sido escolhido pela Assembléia de Credores hoje (16/08) com mais de 98% dos votos, como o novo gestor judicial da Varig (Nordeste), Miguel Dau admitiu que seu trabalho à frente da companhia será o de cumprir o programa de recuperação empresarial estabelecido pela justiça pagando a todos os credores.

Ele admitiu que tomou a decisão de se candidatar por entender a importância de dar sua contribuição: “afinal, com meus 19 anos de experiência no setor, vejo esta oportunidade como uma forma de poder ajudar a companhia nesta crise no que diz respeito aos seus funcionários e clientes”, afirmou.

O novo dirigente deverá ser empossado oficialmente no cargo nas próximas 48 horas em solenidade programada para a 8ª Vara do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Sobre sua decisão de disputar o cargo de gestor judicial da Varig, Dau lembrou seu passado:

“Eu acho que tenho capacidade de conduzir este processo baseado na minha história e no meu currículum, já que fui vice-presidente de operações da Varig. Mas antes de tudo quero deixar claro que não prometo milagres nem soluções mágicas. Vou sim procurar desenvolver um trabalho com toda a seriedade e dedicação”, explicou.

Sobre a recuperação da companhia, ele também se mostrou realista: “Tudo é possível, desde que todas os agentes que trabalham neste processo se alinhem. O momento é propício, já que o segmento de aviação está aquecido. Se estes setores, como credores, trabalhadores e governo não se alinharem, aí qualquer solução ficará bem mais complicada”, admitiu.

Ao comentar sobre a dívida trabalhista de R$400 milhões relativa a débitos com funcionários demitidos, Dau disse preferir aguardar uma posição do Ministério do Trabalho. “Só depois vamos equacionar esta questão e ainda não sei de que forma isto será resolvido”.

Sobre os planos para a Nordeste, o novo dirigente lembrou a importância da reativação do Centro de Treinamento, bem como o fato de se ter uma empresa saudável, ainda que de pequeno porte. “A estrutura que iremos montar para esta nova empresa será compatível com o desafio de uma nova companhia, mas dentro de uma realidade de mercado. Poderemos ter num primeiro momento até quatro aeronaves, mas ainda estou definindo de que forma isto será feito e quais as rotas que iremos operar”.

Ao comentar sobre a dívida da Varig de mais de R$7 bilhões, Dau destacou o fato de que “não houve apenas má gestão, mas também planos econômicos e mazelas de governos anteriores”. Mesmo assim, falou das vantagens da Lei de Recuperação Empresarial, que, segundo ele, permite que boas empresas possam se recuperar. “E este é o caso da Varig”, completou.

Dau garantiu ainda que dentro de sua filosofia de trabalho irá priorizar “a transparência, seriedade e o respeito pelos credores, passageiros e funcionários”, e garantiu que pagará a todos os credores.

Uma das suas preocupações é de agendar uma reunião com o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazi, com o objetivo de discutir as futuras operações da Nordeste.

Ao final da assembléia, afirmou que não medirá esforços no programa de recuperação da Varig. “Se preciso vou hipotecar meu trabalho e a minha vida neste projeto junto com todas as pessoas envolvidas para desempenhar esta minha função com sucesso, e pagar a todos os credores até o último centavo”, declarou.

FONTE: Mercado & Eventos – Luis Marcos Fernandes – São Paulo/SP

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