O plano de rotas apresentado pela VarigLog, nova dona da Varig, à Justiça do Rio de Janeiro e à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) deve passar por alterações para ser aprovado pelo órgão regulador, segundo a Folha apurou.

Na última quinta-feira, a companhia entregou plano de negócios e plano de rotas divididos em três etapas. A primeira etapa, que deve vigorar até o fim do ano, é praticamente uma extensão das operações reduzidas que a companhia aérea mantém atualmente.

A Anac informou que só vai se pronunciar depois que o plano for repassado pela 8ª Vara Empresarial do Rio, segundo a assessoria da agência. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da vara responsável pelo processo de recuperação da empresa, determinou, em maio, o “congelamento” das linhas da Varig para tornar a empresa mais atraente em leilão. A agência, no entanto, já recebeu o plano.

A principal questão para as concorrentes é o prazo pelo qual a Varig manterá rotas sem operar. Com o congelamento determinado pela Justiça, ela excedeu o prazo previsto em lei de devolução das linhas caso elas não sejam operadas por período superior a 30 dias.

A Varig teve 272 vôos congelados em maio. De acordo com a proposta de malha entregue pela VarigLog, algumas rotas só seriam retomadas em dois anos. Segundo a análise da agência, o prazo é inviável e pode comprometer o crescimento futuro do setor aéreo, que vive um período de expansão.

O que está em discussão no momento é a partir de quando as rotas serão “descongeladas”. Análise preliminar indica que o prazo começaria a contar a partir da obtenção do Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo) pela nova Varig. A apresentação da proposta de malha definitiva era um dos requisitos para que o processo de autorização pela agência evoluísse.

A Aéreo Transportes Aéreos, rebatizada de VRG, é a empresa criada pela VarigLog para assumir os ativos da Varig. Somente após a obtenção do certificado, ela passará a ser concessionária de serviço público.

Os espaços de pouso e decolagem da Varig e as suas autorizações de vôo são cobiçados pelas concorrentes, que esperam a devolução das linhas à Anac para lutar pela redistribuição. A Varig conta com diversos espaços e horários para pousos e decolagens no aeroporto de Congonhas, em SP, por exemplo, onde a demanda é elevada.

A proposta inclui equívocos como número elevado de freqüências de ponte aérea Rio-SP, mais de 30 por dia, para número reduzido de aeronaves. “Supera o aproveitamento máximo de cada aeronave”, afirma executivo do setor.

A proposta apresentada pela VarigLog prevê que, em um primeiro momento, a partir da regularização da situação da nova empresa pela Anac, a Varig atenda apenas sete cidades brasileiras, além da ponte aérea.

Nessa primeira fase, pela proposta entregue, somente dois destinos internacionais, Buenos Aires e Frankfurt, serão atendidos. Em uma segunda fase, a companhia aérea aumentaria sua atuação para nove cidades no exterior e 23 no Brasil. E por fim, em 2008, passaria a voar para 20 destinos internacionais e 37 domésticos.

A VarigLog afirma que está negociando com empresas de leasing e que espera ter 18 aviões em operação até o final da próxima semana. Hoje, entretanto, a Varig tem à disposição para implementar o plano apenas dez aviões: três MD-11 para vôos internacionais e sete Boeings-737-300 para vôos domésticos e na América do Sul.

Só com esses aviões, ela não conseguiria aumentar sua participação. A estimativa do consultor Paulo Bittencourt Sampaio é que o “market share” doméstico da Varig fique abaixo de 3% em agosto.

Apesar de ser essa a proposta entregue, o presidente do conselho de administração da VarigLog, Marco Antonio Audi, aponta a urgência da companhia em retomar destinos que não constam na primeira fase. “Tarde demais. Queremos voltar a fazer Caracas o mais rápido possível”, afirmou ele, ao ser questionado sobre o interesse de concorrentes no destino.

De acordo com ele, o prazo de 30 dias para a companhia voltar a operar vôos domésticos passa a valer a partir do momento que a Anac der a concessão de vôo à nova Varig. “No caso dos vôos internacionais, o prazo que temos é de 180 dias.”

FONTE: Folha OnLine – Janaina Lage e Maeli Prado – São Paulo/SP

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here