Caso as condições climáticas permitam, decolam sexta-feira de Porto Alegre rumo aos EUA os dois últimos motoplanadores Ximango vendidos para a academia da Força Aérea norte-americana (USAFA) pela Aeromot Indústria Mecânico-Metalúrgica Ltda. Nos EUA, as duas aeronaves se integram a outros 12 aviões negociados com a USAFA pela empresa gaúcha, referentes a dois contratos que somam US$ 2,5 milhões. Deste valor, 20% é o custo de treinamento, assistência técnica e peças sobressalentes. Na academia da USAFA, no Estado do Colorado, os Ximango estão sendo empregados na fase inicial do treinamento de pilotos, substituindo aviões alemães semelhantes, utilizados para a mesma finalidade.

A Aeromot conseguiu o contrato por uma concorrência internacional, vencendo entre outras empresas a Diamond, subsidiária da canadense
Bombardier, que já teve atritos comerciais com a Embraer. A concorrência
foi aberta em 2000, mas uma contestação judicial movida pela Diamond
atrasou em quatro meses a assinatura do primeiro contrato, que era de
cinco aeronaves.

“Concorremos com todos os tipos de motoplanadores do mundo e
ganhamos. Isso é uma credencial para o Ximango. Todo mundo sabe que a
USAFA é um cliente extremamente exigente, quer sempre o melhor em
desempenho, qualidade e segurança para treinar os seus cadetes”, diz um
dos sócios-fundadores da Aeromot, João Claudio Jotz. Depois de decolarem
do Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, fazem pelo
menos 15 escalas até tocar pela primeira vez o solo norte-americano,
na Flórida, onde a empresa gaúcha conta com um escritório. Lá, passam
por minuciosos procedimentos de manutenção antes de partirem rumo ao
Colorado.

Os Ximango, fabricados sob encomenda, já foram exportados para mais de
15 países. Além de treinamento, eram constantemente adquiridos por
pessoas que têm prazer de voar, como pilotos aposentados. No Brasil, os
motoplanadores podem ser encontrados nas mão de 10 particulares e em
mais de 40 aeroclubes. A fábrica da Aeromot, localizada em Porto Alegre,
tem capacidade de produzir até 60 aviões por ano, mas hoje trabalha com
uma média de 18, o equivalente a 1,5 por mês.

Para tentar voltar a alavancar as vendas, a idéia agora é vincular a aeronave ao segmento de segurança, realizando um trabalho de aproximação junto às secretarias estaduais da área e com o próprio Ministério da Defesa. “O Rio de Janeiro usou um dirigível, com um aluguel de US$ 200 mil por mês. Um Ximango custa US$ 140 mil. Pode fazer o mesmo serviço e é muito mais econômico”, ressalta Jotz, revelando que empresa negocia uma aeronave com a prefeitura de Novo Hamburgo, na região Metropolitana de Porto Alegre. A Brigada Militar (BM) do Rio Grande do Sul conta com três motoplanadores da Aeromot, utilizados para tarefas de buscas, perseguições e observação de crimes ambientais.

Uma das maiores façanhas do Ximango, considerado um planador de alta
performance, acabou sendo contada em um livro. Em 2001, o suíço
naturalizado brasileiro Gérard Moss protagonizou uma aventura inédita ao
completar uma volta ao mundo no motoplanador. Moss percorreu 55 mil
quilômetros em 100 dias, atravessando 40 países, com 68 escalas. A
viagem, considerada um recorde mundial, é contada na obra Asas do vento –
A primeira volta ao mundo em um motoplanador (Record, 294 páginas, R$
60), escrita pela esposa do aventureiro, Margi Moss, a partir do
diário-de-bordo e de relatos do piloto.

FONTE: Aviação Brasil – Fernando Valduga – Porto Alegre/RS

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