O conselho administrativo da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) autorizou a estatal a realizar auditorias nas contas e contratos da VarigLog, para verificar a possibilidade de adquirir uma participação na companhia aérea. Ao mesmo tempo, o fundo americano MatlinPatterson, que detém 60% do capital total da aérea, afirmou ter enviado ontem uma carta ao presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, e ao ministro das comunicações, Hélio Costa, manifestando “espanto” em relação às notícias veiculadas na imprensa sobre o interesse da estatal.

O MatlinPatterson trava uma disputa com os outros sócios da VarigLog e afirma que a questão está “sub judice”. “Causa-nos espanto e estranheza o conteúdo de mencionadas reportagens porquanto a Volo Logistics tem planos de expansão para as atividades de sua subsidiária Varig Logística, não tendo interesse, no presente momento, na alienação de parte ou totalidade da referida empresa para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos”, diz a carta assinada pelo empresário sino-brasileiro Lap Chan, sócio do Matlin no Brasil. O fundo detém 100% das ações preferenciais e 20% das ações ordinárias (com direito a voto) da VarigLog por meio da Volo Logistics.

O presidente dos Correios esclareceu que em nenhum momento conversou com Chan e que, até ontem à noite, não havia recebido a carta do empresário. De qualquer forma, acrescentou Custódio, os acionistas da VarigLog podem ficar tranqüilos porque “não há negociação em curso”, mas apenas um interesse da ECT em avaliar a viabilidade do negócio. “Há pressa, mas não desespero” para entrar em acordo com a VarigLog, disse.

Desde meados de 2007, o fundo e os sócios brasileiros da VarigLog – Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Eduardo Gallo – travam uma intensa batalha judicial. O Matlin cobra cerca de US$ 186 milhões da companhia em dois processos, sob o argumento de que investiu esse montante na forma de contratos de mútuos que já deveriam ter sido pagos.

Como os brasileiros detêm o controle da VarigLog com 80% das ações ordinárias, controlam a gestão da aérea. Em janeiro, o presidente da VarigLog, João Luís Bernes de Sousa procurou os Correios para propor uma parceria. Ontem, Sousa disse ao Valor que a conciliação entre os sócios estava “próxima” e que isto permitiria a entrada de novos sócios na companhia aérea. Procurado, o Matlin não se manifestou sobre o assunto.

O fundo está afastado da administração desde que a disputa na Justiça começou. Quando formou a sociedade com os brasileiros, em 2005, ficou com apenas 20% das ações ordinárias para obedecer ao teto imposto pelas leis brasileiras em relação à participação de estrangeiros em empresas aéreas. O Matlin diz ser credor de total de US$ 400 milhões aplicados na VarigLog por meio de empréstimos.

FONTE: Valor Econômico – Roberta Campassi e Daniel Rittner – São Paulo/SP

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