O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve falar amanhã à noite em rede nacional de rádio e TV. Vai novamente expressar pesar por causa do acidente de terça-feira (17.jul.2007) com o avião da TAM, mas sobretudo anunciará medidas que visam a reforçar a segurança aérea do aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do país.

Logo depois do acidente, Lula emitiu uma nota oficial. Depois disso, fechou-se no Palácio do Planalto em intermináveis reuniões com assessores. Demandou soluções. Disse que gostaria de aparecer em público com medidas concretas para oferecer. Hoje no final da tarde o desenho das soluções ficou quase pronto.

As medidas só poderão ser anunciadas oficialmente amanhã à noite por Lula, pois serão discutidas durante o dia pelo Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil), que terá uma reunião a respeito do tema. São membros do Conac os ministros da Defesa (Presidente), Relações Exteriores, Fazenda, Turismo, Indústria e Comércio Exterior, além do chefe da Casa Civil e do comandante da Aeronáutica. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que ajudou a formular parte das medidas, não participa desse órgão.

O pacote deve incluir, entre outros itens, os seguintes (ainda pendentes de finalização até amanhã):

1) número de vôos em Congonhas: hoje, o máximo por hora é de 44. Muitas vezes, entretanto, chegam a ocorrer até 48 pousos e decolagens por hora. O ritmo é frenético. Deve haver uma redução para um máximo de 35 (mas esse número pode ficar ainda menor em condições climáticas menos favoráveis). Os vôos desviados terão de se virar para encontrar espaço em Guarulhos e Viracopos. A ser mesmo levada a cabo essa decisão, Lula estará comprando briga com as companhias aéreas (que terão prejuízo) e com parte da classe média (que faz uso das facilidades de Congonhas);

2) jatinhos: Lula sempre insiste nesse ponto quando participa de reuniões a respeito. Acha que os vôos executivos devem ser todos retirados de Congonhas. “Quem tem dinheiro para alugar avião pode parar mais longe e arcar com os custos de alugar também um helicóptero para chegar ao centro da cidade”, foi a frase ouvida hoje dentro do Planalto. Não será uma decisão fácil. No mínimo deve ser imposta uma redução drástica desse tipo de operação;

3) peso total dos aviões: a idéia é dar um desconto no que indica a norma internacional. Se, como afirmou a TAM, o limite de peso para um avião como o Airbus é de 64 toneladas numa pista como Congonhas, esse limite será reduzido ainda mais como forma de conferir mais segurança nas operações de pouso e decolagem;

4) cargas: embora os aviões cargueiros não parem em Congonhas, os vôos de passageiros acabam sempre ocupando espaço vago para transportar algum tipo de carga. Essa operação deve ser restringida ao máximo em Congonhas.

Lula também planeja demitir parte da cúpula do setor aéreo, mas essas alterações não foram finalizadas. Estão na lista de possíveis demitidos o ministro da Defesa, Waldir Pires, e o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira.

Ontem, o Palácio do Planalto negou que Pereira já tivesse entregado o cargo, como chegou a ser divulgado. Mas a negativa veio até com certo pesar. Até porque o pedido de demissão seria bem-vindo.

Fernando Rodrigues, autor do blog e da noticia, é jornalista, nasceu em 1963. Fez mestrado em jornalismo internacional na City University, em Londres, Reino Unido (1986).

Na Folha desde 1987, foi repórter, editor de Economia, correspondente em Nova York (1988), Tóquio (1990) e Washington (1990-91). Na Sucursal de Brasília da Folha desde 1996, assina a coluna “Brasília”, na página 2 do jornal, às segundas, quartas e sábados. Mantém uma página de política no UOL desde o ano 2000 – com informações estatísticas e analíticas sobre eleições , pesquisas de opinião e partidos políticos. Em 2007 recebeu uma fellowship da Fundação Nieman, na universidade de Harvard (Cambridge, MA, nos Estados Unidos).

É autor do livro “Políticos do Brasil” (2006, Publifolha) e do site www.politicosdobrasil.com.br. Foi também co-autor de outros dois livros: “Os Donos do Congresso – A Farsa na CPI do Orçamento” (Prêmio Jabuti de livro-reportagem em 1993) e “Racismo Cordial”, de 1994, ambos editados pela Ática.

Ganhou 4 prêmios Esso: Prêmio Esso de Jornalismo de 1997 (reportagem sobre a compra de votos na votação da emenda da reeleição); Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2002 (reportagens e o banco de dados Controle Público, que tem mais de 6.000 declarações de bens de políticos); Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2003 (relato sobre venda reportagem na mídia do Estado do Paraná) e Prêmio Esso de Melhor Contribuição à Imprensa em 2006 (livro e site “Políticos do Brasil”). O trabalho Controle Público também foi premiado em 2002 com o Líbero Badaró de Webjornalismo e com o Prêmio para Internet da Fundación Nuevo Periodismo Internacional, presidida pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez.

FONTE: Aviação Brasil via Blog do Fernando Rodrigues, na UOL – Fernando Rodrigues – São Paulo/SP

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