O plano de transformar os aeroportos de São Paulo/Guarulhos, Viracopos/Campinas e de São José dos Campos em um grande hub de carga aérea da América do Sul pode sair do papel no primeiro semestre de 2008. A proposta faz parte de um ousado projeto, denominado “Aeroportos Complementares”, conduzido pela Regional Sudeste da Infraero e Receita Federal em São Paulo, com participação da ABSA Cargo Airline – empresa de carga aérea de bandeira brasileira – nos testes-piloto realizados para verificar a viabilidade de uma das etapas do projeto, o módulo 1, desenvolvido a partir de uma necessidade da companhia. A proposta será apresentada, ainda em outubro, para a coordenação-geral aduaneira da Receita Federal, em Brasília. Hub é o aeroporto que funciona como um centro de conexão e distribuição de passageiros e cargas.

O projeto é dividido em módulos e tem por finalidade integrar os três aeroportos administrados pela Infraero e sob jurisdição da Receita Federal em São Paulo, começando por GRU e VCP. O objetivo é reduzir o tempo de operação de embarque de cargas, que hoje pode consumir de 16 a 24 horas para, no máximo, 7 horas, sem ‘queimar’ etapas, explica o diretor-técnico e de planejamento da ABSA Cargo Airline, Dario Matsuguma. “Hoje, os dois aeroportos trabalham de forma independente, sem uma sinergia. Com os testes foi possível desenvolver um fluxograma racional, onde todos os processos funcionam de forma orquestrada, e GRU e VCP trabalham como se fossem um só aeroporto”, explica Matsuguma.

“A idéia é transformar esse tripé (de aeroportos) num grande hub de carga aérea da América Latina, que hoje está em Santiago do Chile, um aeroporto muito menor”, esclarece o inspetor-chefe da Alfândega do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, José Antônio Gaeta Mendes, que vai apresentar a proposta à Receita Federal, explicando a necessidade de elaboração de uma legislação específica. Após a apresentação do projeto deve ser formado um grupo de estudo para analisar a proposta e preparar o cronograma de trabalho até que o plano possa entrar em operação normal.

Sem perda de tempo – O primeiro módulo do projeto, denominado “hubs integrados: GRU – VCP”, cujos testes contaram com participação da ABSA Cargo, visa integrar os dois aeroportos por meio de um projeto ágil de transferência de carga e ocupar os espaços ociosos nas aeronaves. “A idéia é ampliar ao máximo o aproveitamento do espaço disponível nos porões das aeronaves de passageiros que voam para Guarulhos, que oferece ligações aéreas com praticamente todas as capitais da América do Sul e diversas cidades da América do Norte, Europa, Ásia e Oriente Médio. A ligação com Viracopos, por meio de conexões rápidas e simplificadas, permite ampliar a oferta de vôos também por aeronaves cargueiras, colocando os dois aeroportos como hubs integrados para a América do Sul dentro do conceito de Aeroportos Complementares”, explica o gerente de Logística da Regional Sudeste da Infraero, Carlos Alberto Alcântara.

Mas para convencer exportadores estrangeiros a aceitarem a passagem de suas cargas pelos aeroportos brasileiros é preciso rapidez nos procedimentos, todos têm que trabalhar de forma integrada e sincronizada, como uma equipe de revezamento, salienta Alcântara. Essa agilidade foi verificada nos testes-piloto já realizados com as aeronaves da ABSA Cargo Airline. Em pouco mais de seis meses foram realizados 11 testes com cargas secas (sementes, grãos e têxteis). O melhor tempo obtido foi de 5 horas e 2 minutos, lembra Dario Matsuguma. Nenhuma etapa da fiscalização foi suprimida, segundo José Gaeta. “Estamos trabalhando para aprimorar os controles, deixar o procedimento mais ágil. Burocracia é para baixar o risco e disso nenhum país pode abdicar, os controles estão sendo mantidos, isso nunca será eliminado”, afirma.

O que mudou, então? “Antes não havia uma modelagem construída em parceria, envolvendo a iniciativa privada e as organizações de governo, dentro de um projeto de interesse comum, buscando aproveitar o que a legislação oferece de possibilidades e facilidades e, ao mesmo tempo, identificando e eliminando os gargalos logísticos ou documentais que atrasam os processos. Cada organização trabalhava de forma eficiente, contudo isoladamente. Este Projeto busca estabelecer as ações de modo integrado, com absoluto respeito às normas aduaneiras mas perda de tempo zero, dentro de um planejamento ordenado, com tempos e performances pré-estabelecidos para todos os intervenientes. Enfim, todos trabalhando com excelência, buscando o resultado mais eficaz”, completa Carlos Alcântara, da Infraero.

Benefício geral – A ABSA Carga Airline participou de mais de uma dezena de testes-piloto na fase experimental do módulo 1 do projeto, etapa que surgiu de uma necessidade apresentada pela companhia: operar em GRU. Porque a ABSA só opera com aviões cargueiros puros essa possibilidade se mostrou inviável. A Infraero e a Receita Federal, apresentaram então a alternativa de a companhia oferecer seus serviços por meio da transferência de cargas entre os dois aeroportos através de um procedimento agilizado de Trânsito Aduaneiro, sem ter que levar as aeronaves de VCP para Guarulhos. Dessa forma surgiu o primeiro módulo do projeto “Aeroportos Complementares”. Dois outros módulos estão sendo delineados.

A conclusão de todos os envolvidos é que todos ganham com o projeto. “A companhia aérea oferece um novo produto, otimizando o uso dos espaços em seus aviões, o aeroporto ganha porque a carga permanece menos tempo em depósito, permitindo disponibilizar espaço para outras cargas e a Receita Federal vê seu papel de órgão fiscalizador focado na eficiência e rapidez”, assinala Carlos Alcântara. “Os testes comprovaram que a proposta é viável e que há interesse do mercado e a Receita Federal está tomando as medidas para viabilizar sua implantação” diz José Gaeta, acrescentando que a imagem do país pode ser influenciada beneficamente.

FONTE: Aviação Brasil – Assessoria de Imprensa – São Paulo/SP

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