Os planos de expansão das empresas BRA, WebJet, OceanAir e Trip dependem não apenas dos seus próprios planos estratégicos mas também da regulamentação imposta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Juntamente com TAM, Gol e as demais companhias, as empresas nacionais começam, em 90 dias, a revezar a utilização dos melhores horários de pouso e decolagem de aviões nos aeroportos brasileiros.

As regras para distribuição dos chamados “slots” foram anunciadas recentemente pela Anac e causaram polêmica no mercado. Em linhas gerais, os horários serão divididos em dois grupos: 80% deles serão revezados entre as grandes companhias aéreas e os outros 20% entre as pequenas.

Na ocasião, a Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), ligada ao Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, protestou, alertando para o risco do mercado ficar concentrado nas mãos de poucas companhias. Entre as companhias, a OceanAir tomou a frente das reclamações. Para o presidente, Carlos Ebner, está se formando um “duopólio” na aviação nacional, que pode ser fortalecido com essas normas. “O Brasil precisa ter, no mínimo, quatro companhias aéreas”, diz. “Para isso, é preciso que haja um balanceamento de espaço nos aeroportos e que todos possam participar em igualdades de condições.”

Comparando o início das atividades de TAM e Gol com o momento vivido pelas quatro companhias, o consultor Paulo Sampaio – um dos poucos do país na área de aviação civil –, que presta serviço a praticamente todas as companhias que operam no Brasil — diz que falta a elas a agressividade que as duas líderes tiveram. “Acredito que não deve haver privilégios ou qualquer política de proteção para empresas pequenas que se fazem de coitadas”, diz. “A diferença de postura é muito grande se compararmos os dois primeiros anos de todas elas. TAM e Gol são grandes hoje porque fizeram fortes investimentos. É muito confortável reclamar das maiores e não investir para crescer.”

Sampaio lembra que as duas maiores companhias do país têm pelo menos US$ 700 milhões em investimentos previstos – ainda este ano TAM e Gol devem receber 13 e 12 novas aeronaves, respectivamente. No outro lado, o consultor cita o exemplo da WebJet, há um ano operando, com apenas um avião. “Isso mostra uma falta de disponibilidade para investir. OceanAir comprou aviões Fokker-100, com baixa aceitação no mercado brasileiro, apenas porque era um bom negócio.”

Para Sampaio, com o nível de investimento que fazem hoje, as pequenas companhias não conseguiriam acompanhar o crescimento do mercado e o aumento da demanda causada pelo cancelamento de linhas da Varig. “É lógico que quanto mais empresas, melhor. Mas é preciso investir forte para competir e o mercado vai fazer a selação natural”, afirma. “É preciso lembrar que a principal preocupação é não prejudicar o passageiro.”

FONTE: Gazeta do Povo – Cinthia Scheffer – São Paulo/SP

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